quinta-feira, 31 de julho de 2008

Isabel

Foi com mágoa, tristeza, e nostalgia que recebi a notícia que a Isabel tinha morrido. A Isabel era “criada” na casa de minha tia e foi a primeira experiencia sexual da minha vida. Eu estaria perto de completar 13 anos e a Isabel teria uns 33 ou 34 anos. A Isabel trabalhava toda a semana e ia à missa das 8h00 aos domingos, e folgava nos domingos de tarde até ás 19h00, tempo que aproveitava para namorar com um homem que trabalhava num talho no Mercado dos Lavradores. A Isabel tinha 70 anos quando morreu.
Tudo começou com um baralho de cartas pornográfico que um amigo me emprestou e que eu mostrei à Isabel. Acho que ficámos ambos com tesão (eu ficava sempre que via as cartas ) e, palavra puxa palavra, provocação responde a provocação, eu “espicacei” a Isabel dizendo que ela não era capaz de fazer o que as cartas demonstravam, e ela não quis perder aquela disputa e disse-me:
- Isso é o que se vai ver.
Que teria eu que fazer para confirmar aquela afirmação? Simples. Quando toda a gente estivesse a dormir eu “só” teria que aparecer no quarto da Isabel. Ela era a única pessoa que dormia no rés-do-chão, e eu, naquela primeira noite, fui para a cama com meias, para que, quando tivesse que descer a escada, não fizesse o mínimo ruído. Assim foi, nem preguei olho, quando eram umas 4h00 da manhã, lá desci as escadas e fui direito ao quarto da Isabel que me aguardava, ainda que fingisse que dormia. Lembro-me que não tomei iniciativa nenhuma, a Isabel encarregou-se de tudo, despiu-me, despiu-se (excepto as cuequinhas), agarrou onde tinha que agarrar, encaminhou a minha mão para onde tinha que encaminhar, e recordo que a sensação do meu primeiro orgasmo foi de tal ordem que julguei que me estava a dar uma coisa má e que iria morrer. O facto é que ainda hoje continuo com a opinião de que um dia, quando tiver que morrer, que seja com um orgasmo, e quando perguntarem a quem cá ficar, quais foram as minhas últimas palavras, digam a verdade. Ele disse: “Estou a vir-me”.
Eu era o primeiro a sair de casa, estudava no “Caroço” e entrava às 8h00 da manhã, por isso, todos os dias, durante 1 ano e meio, das 4h00 às 7h00, passava a minha vida na cama da Isabel, numa aprendizagem mútua, já que a Isabel, apesar dos 34 anos, tinha ido trabalhar para casa de minha tia muito nova e não creio que as tardes de folga aos domingos lhe dessem uma experiência sexual extraordinária. Assim, lá tentávamos inovar o mais que sabíamos e podíamos, já que a Isabel jamais permitiu que eu a penetrasse na vagina. Dizia que havia um risco muito grande de engravidar, mas eu queria lá saber, quando me subiam os espermatozóides á cabeça e começava a pensar com estes espermatozóides, pouco me importava se engravidava ou não, queria era vir-me. Felizmente a Isabel sempre teve esse bom senso, e nunca permitiu que tal acontecesse, mas nunca evitou que eu tivesse os orgasmos que queria, só que eram onde ela decidia. Se calhar casou virgem.
Como podem compreender, hoje presto uma singela mas sentida homenagem a essa mulher, que para além de ser uma pessoa fantástica... foi uma mulher com importância na minha vida. Foi a primeira mulher que me ouviu dizer: “Estou a vir-me”.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Férias

Chega-se a esta altura do ano e é inevitável que falemos de férias. Eu, enquanto vivi na Madeira, adorava os meus dias passados na piscina do Lido com os amigos e amigas do costume, levando umas sandes de casa que me serviam de almoço, para poupar algum dinheiro e poder voltar no dia seguinte. Como meu pai, que entrava cedo no trabalho, me levava todos os dias, com excepção dos fins de semana porque havia demasiada gente, eu era das primeiras pessoas a chegar e das últimas a partir, ou seja o Lido era a minha casa de férias. Lembro-me que a única vez que quebrei a rotina das minhas férias, até completar 17 anos, foi uma ida ao Porto Santo na companhia de 3 amigos, para a casa dos pais de 1 deles, e onde “casualmente” encontrámos 4 amigas “sem abrigo” às quais, benevolentemente, acolhemos durante aqueles 15 dias. Uns autênticos samaritanos. Foram, provavelmente os 15 dias mais loucos de toda a minha vida. Tudo isto para comunicar-vos que vou de férias no próximo domingo, e que passados mais de 30 anos, algumas coisas mudaram. Desta vez vou com outros amigos, minha mulher e meu filho, não vou para a Piscina do Lido, vou para Santorini, não comerei sandes, e estou seguro, não terei os 15 dias mais loucos da minha vida, mas posso sempre ter os mais românticos. Não custa nada compartir com os meus amigos o meu “retiro” de Santorini...

Trata-se de um pequeno hotel que só tem 4 suites....e uma será para mim. Aqui, dormirei eu... e a minha amiga Patrícia
... e teremos, só para nós, esta fantástica vista do "nosso" Jacuzzi privado...

Claro que levo um outro amigo, chama-se João, é meu filho e também usufruirá de tudo isto. Será um pouco o chamado amigo "Empata Fodas"...mas compensa noutras coisas. Dormirá aqui:

Já ninguém dispensa alguns comodismos, como TV, DVD, net WiFi...isso será aqui:


Passaram-se mais de 30 anos entre aquelas férias e as que me esperam em Santorini. Pelo meio ficaram dezenas de férias, em diferentes lugares, com diferentes amigos. Conheci meio mundo, fiquei nos melhores hotéis, visitei as melhores praias, comi nos melhores restaurantes, ...então porque raio continuo a ter saudades do Lido e do Porto Santo? Acho que não é por causa das sandes....