terça-feira, 9 de dezembro de 2008

"A Whiter Shade of Pale"

Vinha eu para casa um dia destes e começo a ouvir no rádio do carro a música "A Whiter Shade of Pale" dos Procol Harum. Recuei no tempo uns bons 35 anos e recordei com agrado os meus tempos de liceu, mas principalmente os bailes de garagem, muito em voga depois do 25 de Abril. Havia um “disc jockey” improvisado ( tira single, coloca single… de 45 rotações e de vinil), um tipo responsável pelas luzes…que as acendia se vinha algum dos donos da casa…e as apagava se começava a tocar o "A Whiter Shade of Pale”, por exemplo.

As raparigas daquela época começavam a libertar-se, mas algumas eram ainda eram muito pudicas, e mesmo as que estavam ali porque o namorado estava, ou para arranjar namorado, se ao dançarmos o slow, as apertássemos um pouquinho mais, elas ficavam nervosas e fugiam do “animal”, chegavam-se para o lado contrário não fosse o “bicho” morder-lhes. Eu, e alguns malucos como eu, tínhamos uma táctica para as apanhar. Arranjávamos um rolo interior do papel higiénico, dobrávamo-lo e metíamos no bolso das calças. Ficávamos uns autênticos John Holmes de trazer por casa. Quando começávamos a dançar, ela sentia aquele enchumaço e, como pudica que era, discretamente chegava-se para o lado contrário…onde estava o verdadeiro “animal”…o “bicho” à espera dela. Ganhávamos os dois, nós, os rapazes, tínhamos sentido o que queríamos sentir, e elas tinham fugido do que queriam e deviam fugir.

Ainda hoje penso se não haverá alguma mulher na Madeira que pensa que eu tenho dois animais. Algumas ficavam intrigadas…

Hoje o telemóvel podia substituir o rolo de papel higiénico…só que hoje não se dança o "A Whiter Shade of Pale", e se dançássemos seriam elas que procurariam o “animal”…o “bicho”. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…e ainda bem.